As relações de gênero na trajetória da pessoa bibliotecária

Ancorada nos aportes teóricos do gênero, da sua ligação com as relações desiguais de poder e como ele atua na constituição das identidades, a presente pesquisa se caracteriza como exploratória, de caráter histórico e qualitativa, que teve como objetivo geral investigar como bibliotecárias/os formadas/os na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) percebem as relações de gênero em suas trajetórias e formações profissionais e nos locais que ocupam na sociedade. Assim, foram realizadas treze entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado com pessoas formadas em Biblioteconomia na UFMG em diferentes épocas e constatouse que, apesar das relações de gênero se mostrarem presentes nas trajetórias de escolha de curso, não se verificou ação direta delas no momento da escolha profissional e nem nas áreas de interesse durante a graduação. Entretanto, pode-se observar elementos generificados nas imagens evocadas pelas pessoas entrevistadas sobre a/o profissional bibliotecária/o, além de uma maior percepção acerca das relações de gênero na profissão, como no reconhecimento de que os homens possuem vantagens em uma profissão feminilizada, na diferença de tratamento dado pelo público a mulheres e homens que exercem a profissão. Ademais, a interseção entre os marcadores de gênero, raça e classe apresentou-se na trajetória das pessoas, abrindo espaço para pesquisas futuras que se debrucem sobre como a articulação gênero-raça-classe atua na constituição da profissão e no lugar que ela ocupa na sociedade. Também são necessárias pesquisas que aprofundem as diferenças de rendimentos entre homens e mulheres bibliotecárias e como as relações de gênero também atuam na trajetória das pessoas bibliotecárias LGBTQIAP+.